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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A violência no trânsito e as perplexidades inúteis


O massacre diário protagonizado por nossos bravos motoristas é tema de freqüentes editoriais indignados com a violência no trânsito. Indignados, hipócritas e inúteis. A indignação, é claro, fica por conta da legítima revolta contra mortes absolutamente estúpidas, vítimas de imprudência e imperícia. Já a hipocrisia é a marca da íntima parceria entre as indústrias automobilística e midiática. Os mesmos meios de comunicação que produzem os tais editoriais indignados e fazem campanhas de conscientização pela segurança no trânsito faturam milhões de reais todos os anos com propagandas que, freqüentemente, fazem a apologia da velocidade, da potência, do individualismo e da erotização do automóvel. Talvez essa não seja a causa principal das mortes, mas o culto erótico-religioso ao automóvel não ajuda muito no florescimento da prudência.
Vivemos assolados por perplexidades inúteis. Meu Deus, quantas mortes no trânsito! Quando isso vai parar? Vai parar (ou diminuir), como parou (diminuiu) em outros países que adotaram uma rígida legislação de trânsito e não tiveram contra si campanhas midiáticas criticando a “fúria arrecadatória” e punitiva do Estado. Ultrapassagens em lugares proibidos, excesso de velocidade, pneus carecas, etc. O cardápio do terror é variado. Muitas vezes, são os mesmos homens e mulheres de bens que, mais tarde, já em suas casas (quando chegam) manifestam toda sua indignação contra a corrupção dos políticos e contra a decadência de valores morais.
A hipocrisia tem vários braços. As mesmas empresas de comunicação que faturam milhões de reais todos os anos em publicidade de automóveis, que saúdam as fábricas de automóveis como expressão da modernidade, que não fazem uma campanha sequer valorizando a importância do transporte público (a não ser em anos eleitorais para retomar a eterna promessa do metrô) em detrimento do transporte individual, lançam periodicamente campanhas de conscientização para os motoristas. E as mortes seguem acontecendo, denunciando a inutilidade e o fracasso desse tipo de programa. O número de veículos individuais nas cidades não pára de crescer. Jornais, rádios e TVs seguem faturando seus milhões em publicidade e, volta e meia, quando o número de mortos “sobe demais”, publicam um editorial de alerta e preparam uma nova campanha. Enquanto isso, a violência no trânsito custa R$ 28 bilhões por ano ao país. Isso para não falar do “custo” em vidas, que é incalculável. É uma indústria da morte, mais uma, que se apresenta como expressão de desejo, potência e poder. Para derrotá-la, será preciso muito mais do que repetir perplexidades inúteis.

Um comentário:

  1. Álcool e mortes no trânsito
    Uma pesquisa do Programa de Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que o álcool está presente em 75% das mortes no trânsito. No mundo, cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito por ano, e o gasto com saúde pública anual para esses casos é de aproximadamente R$100 bilhões. No Brasil, são 60 mil mortes por ano, embora a estimativa seja o dobro em virtude de só entrarem para estatísticas as vítimas que perdem a vida no local do acidente. Os feridos são cerca de 500 mil e as despesas médico-hospitalares e previdenciárias no país são de R$40 bilhões por ano. Veja matéria completa http://bit.ly/kWpztj

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